domingo, 2 de agosto de 2015

Caetano, Gil e a “neutralidade” do artista


A escandalosa postura de Caetano e G Gil de posarem ao lado do governante genocida de Israel  - em foto que correu pelos quatro cantos, inclusive na Palestina – gerou debate.  
Um deles segue abaixo em comentário de  Adriano Favarin e deve ser levado em conta no permanente debate sobre a “neutralidade” do artista  [ou do sociólogo/intelectual/acadêmico  em outra esfera].  
Essa suposta neutralidade é um artefato ideológico que merece o mais profundo debate.
Este comentário, de 29/7/15, publicado no EsquerdaDiário,  segue abaixo e, em seguida, uma notícia de O Globo,  onde o letrista do Pink Floyd argumenta  na mesma direção.


      Caetano e Gil se apresentam em Israel
Ignorando os inúmeros apelos sociais de fãs e inclusive de artistas como Roger Waters, músico da banda Pink Floyd e ativista pela causa palestina, Gilberto Gil e Caetano Veloso se apresentaram nesta terça-feira em Tel Aviv.
Uma ano depois do massacre de mais de 2300 palestinos, em sua maioria civis, mulheres e crianças, pelas forças militares israelenses na chamada "Operação Margem Protetora", Caetano abre o show em Tel Aviv dizendo terem preferido “o diálogo em lugar do ‘não’”, em resposta aos pedidos de boicote feitos à dupla.
      Sem diálogo, porém, permanece a vida de milhares de palestinos que têm sido expulsos de suas terras compulsoriamente pela política exterior do Estado de Israel, apoiada pelos Estados Unidos e com a complacência das grandes potências e da maioria dos Estados mundiais.
Cerca de 80% da população da Faixa de Gaza depende de ajuda para sobreviver; 57% das famílias não tem acesso a alimentação regular e 90% da água, cuja entrada é controlada pelo exército de ocupação de Israel, é inapropriada para consumo. Com uma das maiores taxas de desemprego do mundo, 40%, a economia desta prisão a céu aberto, cercada pelos exércitos egípcios e israelenses, está completamente paralisada.
      Não bastasse essa política de pressão do governo israelense em construir moradias em terras reconhecidamente palestinas, a política de repressão e conflito permanente vitima a cada ano milhares de palestinos.Caetano chegou a dizer que achava inaceitável a ocupação, para logo em seguida completar que “isso é coisa pequena, porque eu sou brasileiro, visitante, cantor”.Gilberto Gil, que reconheceu que “as questões envolvendo as dificuldades de entendimento entre os povos daqui são questões muito conhecidas hoje em dia”, foi ainda mais longe e, nesta que foi a sua nona visita a Israel, comparou o mar de Tel Aviv com o de Salvador e disse ter feito uma música em homenagem à Israel nas primeiras vezes que esteve por lá.
      Contra as manobras sionistas que tentam comparar o combate à política racista e colonialista do Estado assassino de Israel com "anti-semitismo", ficamos mais próximos de artistas como Roger Waters, que se negou a apresentar em Israel, dizendo que "protestar contra a política doméstica e estrangeira de Israel, infladas de racismo, não é anti-semitismo".Em junho, Waters escrevera uma carta a ambos artistas brasileiros, pedindo para que cancelassem seu show: "Até que todos os povos sejam livres, nós vamos fincar nossos emblemas na areia, há uma linha que não cruzaremos, não vamos entretar a corte do rei tirano".




10/06/2015 14h02 

Roger Waters insiste para que Gil e Caetano cancelem show em Israel

Ex-líder do Pink Floyd e a BDS promovem boicote de artistas ao país.
Carta escrita pelo músico cita caso de jovens baleados na Cisjordânia.

[Do G1, em São Paulo]
Após divulgar uma primeira carta em 22 de maio, o músico britânico Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, divulgou outro texto em que insiste para que Gilberto Gil e Caetano Veloso cancelem um show da turnê conjunta em Israel, que será no dia 28 de julho.
Na carta, enviada ao G1 pelo coordenador da BDS ("boicote, desinvestimento e sanções") na América Latina, Roger Waters cita o caso de dois jovens que foram baleados em janeiro por forças israelenses. O músico já pediu a Neil Young, Robbie Williams e a Lauryn Hill que desistissem de suas turnês em Israel. Apenas a cantora aderiu ao boicote em maio.
A BDS pressiona Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos. A organização também promove o abaixo-assinado "Tropicália não combina com apartheid", contra o show de Gil e Caetano em Israel, que tem mais de 12.486 assinaturas. A meta é 15 mil.
Leia a carta de Roger Waters na íntegra:

"Ao Editor,
No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol.
Jawhar Nasser Jawhar, 19, e Adam Abd al-Raouf Halabiya, 17, dois jovens e promissores jogadores de futebol, sonhavam em um dia jogar profissionalmente, talvez até defendendo a camisa do país deles. Em 31 de janeiro, enquanto eles caminhavam para casa, saindo de uma sessão de treinamento no Estádio de Faisal al-Husseini em al-Ram, no centro da Cisjordânia, forças israelenses abriram fogo contra eles sem aviso.
Jawhar foi atingido sete vezes em seu pé esquerdo e três vezes no direito. Halabiya foi ferido uma vez em seu pé esquerdo e uma no direito. Médicos no hospital governamental de Ramallah dizem que os dois nunca chutarão uma bola de futebol de novo; na verdade, serão necessários seis meses de tratamento antes que os médicos possam avaliar se eles poderão andar novamente.
Estes dois jovens não foram acusados de nenhum delito, e nenhum inquérito foi aberto sobre as ações dos soldados responsáveis por suas lesões incapacitantes.
Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem.
Roger Waters
7 de junho de 2015, Nova York"
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sábado, 1 de agosto de 2015

Terrorismo de Estado:
a 70 anos das duas bombas atômicas lançadas pelo imperialismo norte-americano 
sobre o povo japonês

Foram 80 mil mortos instantaneamente em Hiroshima, mais 80 mil mortos depois, por causa da radiação. Em Nagasaki, mais 40 mil mortos pela queda da segunda bomba nuclear três dias depois. Para o prof M Scalercio da PUC-Rio, "A bomba atômica representou o auge das campanhas de bombardeio estratégico e de longo alcance feitas durante a II Guerra, principalmente por ingleses e americanos. Esses bombardeios atingiam mais a população civil do que os militares e serviam para minar a moral. Com a bomba atômica, isso foi potencializado. O que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki não tem outro nome senão bombardeio terrorista. Um crime de guerra" (O Globo, 1/8/15).


As entranhas degradadas do capitalismo no Brasil: 
violência, favelas.

A irmã de Márcio Moreira Alves, falecida nesta semana, criticou recentemente as UPPs nas favelas: Em vez de estarem melhorando a situação, estão causando uma reação e nos aproximando de uma espécie de guerra civil". Eis o papel da polícia nas favelas.
Outro dado na mesma direção: a entidade  Observatório de Homicídios notificou, também esta semana, que das 50 cidades mais perigosas do mundo - considerando as taxas de assassinatos - DEZ delas estão no Brasil. [dados de O Globo de 31/7/15].
Isto é, o mito da "pacificação das favelas", da "polícia pacificadora", da "pátria educadora" e tantas outras construções puramente ideológicas da patronal e sua mídia não resistem à mínima análise crítica.
Guerra civil rastejante é o que está em curso por aqui e não apenas no Rio de Janeiro.